Justiça garante liberdade ao elefante Sandro após 43 anos em cativeiro

Justiça determina transferência de elefante Sandro para santuário em Mato Grosso após décadas de cativeiro em Sorocaba

Após mais de 40 anos vivendo em confinamento no Zoológico Municipal de Sorocaba (SP), o elefante Sandro está prestes a ser transferido para um novo lar: o Santuário de Elefantes Brasil (SEB), localizado em Chapada dos Guimarães, Mato Grosso. A decisão foi tomada pela Justiça, que reconheceu a inadequação do local atual e determinou a remoção do animal em até 45 dias — prazo que, se não cumprido, acarretará multa diária de R$ 2 mil.

A sentença se baseou em uma série de laudos técnicos que apontam condições precárias de alojamento, ausência de estímulos ambientais, carência de cuidados veterinários específicos e um espaço incompatível com as necessidades da espécie. O juiz Alexandre de Mello Guerra, responsável pela decisão, fundamentou seu parecer em princípios constitucionais que asseguram a proteção de todos os seres vivos, destacando a importância de respeitar a fauna como parte integrante dos ecossistemas, independentemente de seu valor utilitário para os humanos.

O plano de remoção prevê uma operação cuidadosa, com acompanhamento veterinário contínuo, aclimatação progressiva ao contêiner de transporte, rotas que reduzam impactos físicos e paradas estratégicas para descanso. Além disso, a Prefeitura de Sorocaba foi condenada a cobrir todos os custos processuais da ação.

Sandro, que vive isolado desde a morte de sua companheira em 2020, já passou por uma longa trajetória de sofrimento: antes de chegar ao zoológico, foi explorado por circos em diversos países da América Latina. A transferência para o SEB representa, segundo especialistas, uma chance real de reabilitação física e emocional. O santuário oferece áreas amplas, vegetação nativa, lagos e a possibilidade de convívio com outros elefantes — fatores essenciais para a qualidade de vida desses animais.

A decisão foi celebrada por ativistas e entidades de defesa animal. Letícia Filpi, diretora jurídica da Agência de Notícias de Direitos Animais (ANDA), classificou a medida como um avanço significativo contra a manutenção de animais silvestres em cativeiro com fins recreativos. Já a presidente da ANDA, Silvana Andrade, destacou a importância simbólica do caso, considerando a libertação de Sandro um chamado urgente pelo fim de zoológicos e aquários que ainda mantêm animais em condições inadequadas.

Sandro agora aguarda o início do processo de transferência. Para ele, a tão esperada liberdade pode finalmente se tornar realidade, após uma vida inteira privada de espaço, estímulos e contato social — elementos básicos para qualquer ser vivo.